Foto: Poeta brasileira MALU OTERO
NÃO PODEM CALAR O POETA
( Homenagem ao poeta chileno Raúl Zurita)
Não podem dominar o poeta,
Nem atá- lo com correntes,
Ou fazê-lo calar com censura!
Como crer que o cárcere possa
Ser uma estratégia efetiva,
Se ele vence com a sua doçura
Ao branco sepulcro.
Como achar que possa se limitar
A tão somente umas palavras
O seu sentimento do mundo?
Não pode e não vai se calar.
nunca o fará, jamais.
Tem formas de sentir profundo,
Não teme o vermelho abismo.
Ainda sem palavras se expressará:
Queimará seus olhos pra não verem!
Sem papel, tudo vai denunciar,
Será sua pele a que se queimará,
Já que Deus quis que continuassem
São os seus olhos para olhar
O azul do céu e do mar.
E continuou idealizando o poeta
Outras formas de lutar.
Sem papel, no ar, ele fez
O que tinha como meta:
Ao mundo a opressão denunciar.
Quando se quer, como ele quis,
Pode-se fazê-la curvar.
Ele conseguiu ultrapassar
Os limites da tirania:
Ao poeta não se pode calar.
AL POETA NO LO PUEDEN CALLAR
( Homenaje al poeta chileno Raúl Zurita)
! No pueden sujetar al poeta,
Ni atarlo con cadenas,
O callarlo con censura!
Cómo creer que la cárcel pueda
Ser una efectiva estratagema,
Si él vence con su dulzura
Al blanco sepulcro.
?Cómo creen que pueda limitarse
A tan solo unas palabras
Su sentimiento del mundo?
No puede y no va a callarse.
nunca lo hará, jamás.
Tiene formas de sentir profundo
Y no teme al rojo abismo.
Aún sin palabras se expresará:
!Quemará sus ojos pa' que no vean!
Sin papel, todo lo va a denunciar,
Será su piel la que se quemará,
Ya que Dios quiso que siguieran
Sanos sus ojos para mirar
Lo azul del cielo y del mar.
Y siguió ideando el poeta
Otras formas de luchar:
Sin papel, en el aire, hizo
O que tenía como meta:
Al mundo la opresión denunciar:
Cuando se quiere, como él quiso,
Uno la puede doblegar.
Él consiguió sobrepasar
Los limites de la tiranía:
Al poeta no lo pueden callar.
( In. MALU OTERO. ENTRE NÓS OS LAÇOS/NOSOTROS, NUDOS Y LAZOS. Rio de Janeiro: letra Capital, 2013, pp. 84 a 87)