sábado, 31 de dezembro de 2011
POESIA: CANÇÃO NATIVA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
CANÇÃO NATIVA
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Nas ruas da cidade
uma mulher caminha suas dores
entre homens de pedra
tão-só, mas tão só
que uma estrela cadente atravessa o espaço
em tempo.
No tempo,
a fantasia pendurada desmascara a face da quintessência
no alpendre
de uma casa antiga
De súbito
uma criança rasga o ventre da tarde cantando utopias...
Ah! O que seria de nós se não fosse a poesia?
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
HOMENAGEM: AVATARES- RUTH ANA LÓPEZ CALDERON-(BOLIVIA)
Foto: Ruth Ana López Calderon (Bolivia)
AVATARES
RUTH ANA LÓPEZ CALDERON (BOLIVIA)
La zozobra palpa el corazón
apabullado
enmarañado en celajes extraños
La cercanía distante, respirar casi el mismo aire,
caminar las mismas calles, sin que los pasos
lleguen al encuentro
hoy, el mismo viento que azota mi cara,
despeina tus cabellos
¡Oh!, los avatares de la ruta
y el laberinto en que estamos
sin darnos cuenta de que cuenta nos damos
del sarcasmo de las nubes
pone latidos enamorados al cuerpo
en el límite,
al cuerpo que cruza la frontera
entre ésta
y la otra vereda en la otra ciudad
de los túneles
¿cuándo florecerán las azucenas?
¿cuándo de tu boca un te quiero?
¿cuándo tu piel y la mía compartirán el lecho?
atroz, doliente en extremo
y casi burlesco ja, ja, ja...
poseídos del delirio
Lo siento, lo siento, olvidé que el tango es algo serio,
cuando llega a destiempo el ritmo
cuando no quedan restos para moverlo
cuando sólo llorarlo se puede
¿quién desata los nudos?
¿quién pone nubes rosas en el horizonte negro?
¿quién abriga huérfanas sandalias?
y la demencia anclada en la espera
golpea contra las paredes, ¡sí!, ¡sí!,
las paredes blancas, las paredes negras,
como tablero de damas antiguas
hacen eco en metálicas carcajadas
y devanan los algodones
los hacen polvo esparcido,
a nublar tus ojos
a mis ojos, llenarlos de cenizas,
ahítos de imágenes truchas
bailando sobre el iris calcinado por el frío
tus manos no tocarán las mías
tus labios no rozarán los míos
tu corazón, tu corazón
no latirá al compás que danza con la muerte
perdida en el limbo coherente de la locura
la oscuridad luminosa envuelve
tus huellas siguen su camino
las mías se detienen.
LA PLUMA
RUTH ANA LÓPEZ CALDERON (BOLIVIA)
La pluma negra en la mano aletea desesperada,
su silueta distante captura el viento inclemente:
Usurpa sueños tardíos y temores que habitan el horizonte
donde noches ensimismadas escudriñan el fondo de lo oscuro,
lento mastican la zozobra de impuros gemidos,
de piel profana como sepulcro y ecos
vagan como fantasmas y relámpagos
alumbrando tempestades nocturnas.
¡No!, no hay nada tangible en la alborada de este paisaje
de llanto,
sus crispadas alas amortajan la esperanza y en la sombra
huyen.
La pluma negra en la mano lamenta como estaca
y como carne fragmenta y desdibuja el mapa clandestino.
Y el alarido, ¡sí!, el alarido de su vuelo.
El oscuro laberinto dibujado.
¡Oh!, esperado e inesperado retorno.
El cuervo reposa sus garras sobre mi mano.
*RUTH ANA LÓPEZ CALDERON: “nací en Sucre-Bolivia, el 10 de febrero de 1968, soy secretaria ejecutiva y enamorada de las letras. Desde pequeña sentí el llamado del arte en varias de sus facetas, el ballet, el dibujo y la escritura, pero no seguí ninguna de dichas inclinaciones artísticas; apenas escribo poemas desde agosto del 2010”.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
POESIA: NÚNCIA POÉTICA- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
BREVE LANÇAMENTO NO CAFÉ LITERÁRIO: UNIVERSO SECRETO, DE VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Foto: Livro(contos,Virtualbook,2011), da escritora brasileira VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES.
ESFINGE
Brilhante, uma cabeça de cão. Corpo de águia e pés de
pato, dourado.
Um enigma a desvendar, poucos conseguiu essa façanha.
Por isso o vale dos ossos secos, junto a seus pés, erguia-se,
nítido.
A mulher chegou. Nem pestanejou. Retirou da bolsa um
pequeno vidro espelhado em arabescos. Espelhou o sol até
ficar no ponto certo do espaço celeste. Estendeu o braço. De
tal maneira, que os raios refletiram-se e formou um laser até
aos olhos de vermelho-pedra preciosas da esfinge. Ecos da
voz de Tânia Libertad, ouviu chegar ali, sob sons terrenos de
Los Pajaros Perdidos. A bela música a seguia, orientando o
vôo. Voou através das cifras musicais, uma a uma, unindo-as.
A refração bateu ao solo, retornando a antiga origem.
Arcas surgiram, revelações de antigas escritas, óleos
balsâmicos e estilizada pedra. Puxou tudo. A água brotou da
terra e inundou o vale. Aguando musgos, plantas, folhas,
frutos, pássaros, filhotes e toda a vida ruprestes. Leu o que
surgira a luz do iluminado dia. Os ossos palavras soltas
formavam e determinavam pelo espírito da voz o que seriam
no solo que a vida preparava nas primícias do barro. E verbo
se fez, no óbvio. No tempo em que gramíneas esparramavam
árvores com atitudes. Uma adolescente refugiada na caverna
primitiva pintava com sucos de ervas bisões e a figura de seu
amado caçando, o que seria presente. Acariciando o ventre
avantajado, iniciou um pensamento. O cérebro expandiu-se.
A linguagem de humana jorrava sensibilidade. Firmou-se no espaço imagem.
No vento formou-se leve aragem que molhou as bocas
ressequidas. Do sopro, a palavra surgiu relâmpago até ao
interior do que se pensava feto.
Nem ovo e nem galinha. A vida prenhe de luz enredou-se
lúcida, na perfeição do mistério.
Os ossos voltaram a ser gente. Aos olhos do mundo, um abissal segredo.
( In.: SALLES,Vanda Lúcia da Costa. UNIVERSO SECRETO ( Entre o Abismo e a Montanha),Virtualbook,MG:2011)
domingo, 25 de setembro de 2011
POESIA: ALÉM DA FLOR DO MARACUJÁ- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
HOMENAGEM: NEM NAVIO - JORGE BARBOSA- CABO VERDE
NEM NAVIO
JORGE BARBOSA (CABO VERDE)
Nem navio nem sombra de nuvem no mar
para um adeus da largada...
Esta saudade infinita
é uma ilusão que se disfarça
grita
que a dor passa!
- Saudade é voz ancorada...
VOCÊ: BRASIL
Eu gosto de você, Brasil,
porque você é parecido com a minha terra.
Eu bem sei que você é um mundão
e que a minha terra são
dez ilhas perdidas no Atlântico,
sem nenhuma importância no mapa.
Eu já ouvi falar de suas cidades:
A maravilha do Rio de Janeiro,
São Paulo dinâmico, Pernambuco, Bahia de Todos-os-Santos.
Ao passo que as daqui
Não passam de três pequenas cidades.
Eu sei tudo isso perfeitamente bem,
mas Você é parecido com a minha terra.
E o seu povo que se parece com o meu,
que todos eles vieram de escravos
com o cruzamento depois de lusitanos e estrangeiros.
E o seu falar português que se parece com o nosso falar,
ambos cheiros de um sotaque vagaroso,
de sílabas pisadas na ponta da língua,
de alongamentos timbrados nos lábios
e de expressões terníssimas e desconcertantes.
É a alma da nossa gente humilde que reflete
A alma das sua gente simples,
Ambas cristãs e supersticiosas,
sortindo ainda saudades antigas
dos sertões africanos,
compreendendo uma poesia natural,
que ninguém lhes disse,
e sabendo uma filosofia sem erudição,
que ninguém lhes ensinou.
E gosto dos seus sambas, Brasil, das suas batucadas.
dos seus cateretês, das suas todas de negros,
caiu também no gosto da gente de cá,
que os canta dança e sente,
com o mesmo entusiasmo
e com o mesmo desalinho também...
As nossas mornas, as nossas polcas, os nossos cantares,
fazem lembrar as suas músicas,
com igual simplicidade e igual emoção.
Você, Brasil, é parecido com a minha terra,
as secas do Ceará são as nossas estiagens,
com a mesma intensidade de dramas e renúncias.
Mas há no entanto uma diferença:
é que os seus retirantes
têm léguas sem conta para fugir dos flagelos,
ao passo que aqui nem chega a haver os que fogem
porque seria para se afogarem no mar...
Nós também temos a nossa cachaça,
O grog de cana que é bebida rija.
Temos também os nossos tocadores de violão
E sem eles não havia bailes de jeito.
Conhecem na perfeição todos os tons
e causam sucesso nas serenatas,
feitas de propósito para despertar as moças
que ficam na cama a dormir nas noites de lua cheia.
Temos também o nosso café da ilha do Fogo
que é pena ser pouco,
mas — você não fica zangado —
é melhor do que o seu.
Eu gosto, de Você, Brasil.
Você é parecido com a minha terra.
O que é é tudo e à grande
E tudo aqui é em ponto mais pequeno...
Eu desejava ir-lhe fazer uma visita
mas isso é coisa impossível.
Eu gostava de ver de perto as coisas
espantosas que todos me contam
de Você,
de assistir aos sambas nos morros,
de esta cidadezinha do interior
que Ribeiro Couto descobriu num dia de muita ternura,
de me deixar arrastar na Praça Onze
na terça-feira de Carnaval.
Eu gostava de ver de perto um lugar no Sertão,
d de apertar a cintura de uma cabocla — Você deixa? —
e rolar com ela um maxixe requebrado.
Eu gostava enfim de o conhecer de mais perto
e você veria como é que eu sou bom camarada.
Havia então de botar uma fala
ao poeta Manuel Bandeira
de fazer uma consulta ao Dr. Jorge de Lima
para ver como é que a poesia receitava
este meu fígado tropical bastante cansado.
Havia de falar como Você
Com um i no si
— “si faz favor —
de trocar sempre os pronomes para antes dos verbos
— “mi dá um cigarro!”.
Mas tudo isso são coisas impossíveis, — Você sabe?
Impossíveis”.
***************************************
JORGE BARBOSA: Jorge Vera Cruz Barbosa nasceu na ilha de Santiago de Cabo Verde em 22 de Maio de 1902. Fez os seus estudos primários na cidade da Praia e veio depois para Lisboa, onde estudou até ao 3° ano. Regressa em seguida para Cabo Verde, continuando os seus estudos até ao 5° ano.
Aos dezoito anos começa a trabalhar na Alfândega de São Vicente. Percorre quase todas as ilhas em serviço, para onde é transferido por várias vezes. Aposentou-se na ilha do Sal, em 1967, com sessenta e cinco anos, com a categoria de director de alfândega.
Em Setembro de 1970, já bastante adoentado do coração, vem para Portugal tratar-se, falecendo três meses depois, em Janeiro de 1971.
Vida sem grandes sobressaltos e limitada à fronteira marítima que inspirou tantos dos seus poemas. No entanto, profunda e imensa em sonhos e em viagens imaginadas que jamais realizou.
Jorge Barbosa publicou em vida três livros: Arquipélago (1ª edição em Dezembro de 1935, sob a égide da Editorial Claridade), Ambiente (1ª edição em 1941, Praia, Minerva de Cabo Verde) e Caderno de um Ilhéu (1ª edição em 1956, Lisboa, Agência Geral do Ultramar). Postumamente, em 2002, a sua Obra Poética foi reunida pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, onde se acrescentou três livros inéditos, ordenados pelo poeta: I – Expectativa; II – Romanceiro dos Pescadores; III – Outros Poemas. Nestes três livros encontram-se alguns poemas que foram apresentados na Poesia Inédita e Dispersa de Jorge Barbosa, publicada, em 1993, pelas Edições ALAC. Os que restam e que ficaram de fora dos três livros inéditos foram incluídos igualmente numa parte IV com o título Poemas dispersos. Incluem-se ainda, na parte V, cinco poemas em crioulo.
Deu a sua colaboração literária a revistas e jornais da época, como Presença, Claridade (quer nos três primeiros números, quer nos seis restantes da 2ª fase), Cadernos de Poesia, Diabo, Atlântico, Mundo Português, Aventura, Movimento, Mensagem (CEI), Notícias de Cabo Verde. Mais regularmente, a sua colaboração foi para o Boletim de Cabo Verde, durante vários anos, não só com poemas, como também com as crónicas de São Vicente e artigos vários.
http://lusofonia.com.sapo.pt/jorge_barbosa.htm
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/cabo_verde/jorge_barbosa.html
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
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sábado, 13 de agosto de 2011
HOMENAGEM: El privilegio de amar - Manuel Mijares
" O privilégio de amar é uma dádiva de Deus para restauração do humano em nós."
Vanda Lúcia da Costa Salles
domingo, 7 de agosto de 2011
HOMENAGEM: UMA CRÔNICA DE NATAL- RAYMUNDO NETTO (BRASIL)*
Foto: Bandeira do Brasil
Foto; Raymundo Netto (Brasil)
UMA CRÔNICA DE NATAL
RAYMUNDO NETTO (BRASIL)
Não sei vocês, mas eu nunca gostei do Natal. Acho uma data muito triste, deprimente, talvez por isso, um dia, decidi que só me casaria se fosse num Natal. Assim o fiz!
Nunca escondi de ninguém esse meu desânimo natalino, a vontade de fugir de festinhas de confraternização, amigos secretos, jingle bells e coisas assim. Penso que, justamente por isso, é que me acontecem coisas como a que revelarei agora para vocês.
Uma tia, semana passada, trouxe a minha casa, emprestado, um relógio de parede — com gabinete de carvalho escurecido, pêndulo dourado e umas raladurazinhas no mostrador de algarismos romanos — que pertenceu a meus avós. Desde menino era louco por aquele relógio... Pois bem, na madrugadinha, acordei com o seu sonoro gemer de horas. Na casa pequena o som reverberava. Como parecesse não parar nunca, pensei: "Será que travou?"
Ao chegar ao corredor, o susto: uma figura esfumaçada, de olheiras sulcadas e cavanhaque revoltoso, saía da portinhola de vidro do relógio e argentava, num clarão, a sala:
— Ebenezer! Ebenezer! — berrava em tom gutural.
— Ebenezer? Está falando comigo?
— Sim, seu tolo insensível! Não lembra mais de mim? Marley, Boz Marley!
— Não, seo Boz, pode voltar para o seu relógio... Ligação errada!
Ele não me dava ouvidos, ou não os tinha, e continuava como numa cantiga de grilo:
— Ebenezer, eu sou o espírito do Natal e o levarei para conhecer o Natal do passado, do presente e do futuro. Você precisa se arrepender já, enquanto ainda há tempo, senão...
Arrependimento? Nem precisava, coleciono tantos, tantos... Mas ele não me ouvia. Enlaçou meu pescoço com as pesadas correntes que arrastava e, como por encanto, tudo em minha sala pôs-se a desaparecer: o sofá velho (este, eu nem liguei), a tevê, a cadeira de balanço e até a empoeirada árvore de natal onde, desde o ano passado, o pisca-pisca deixara de funcionar. Tudo desapareceu dando lugar a calçadas, prédios e um renque de postes: estávamos na rua!
O Natal do passado
Reconheci o Palacete de Carvalho Mota, antigo prédio da Inspetoria das Secas: era a rua General Sampaio, centro da cidade.
Percebi que, na esquina, um pequeno terreno amurado atraía várias crianças. "O que está acontecendo ali?", perguntei ao Boz. "Você quer saber? Vamos lá, então." —, arrastou-me.
Dali de cima, podíamos ver um senhor moreno — Antônio de Paula Barros, disse-me o Boz — suando às bicas por detrás de uma lapinha. Na verdade, era uma espécie de cidade em miniatura, toda mecanizada, onde se via um trem com rostinhos de passageiros que saiam e se escondiam rapidamente, automóveis, lavadeiras, soldados marchando, a procissão, operários numa fábrica, serenatistas ao pé de um sobrado, um cata-vento rangedor, o engenho, o carrossel e sinos de igreja a badalar numa ilusão diorâmica sustentada a fios movidos por um velho motor, enquanto um gramofone, roucamente, tocava uma antiga melodia natalina.
Dois cisnes cruzavam o espelho margeado pela areia dando a impressão de uma lagoa. Próxima, e no centro da pequena cidade feita de papelão e latas amassadas, a manjedoura do menino Jesus era alteada por uma estrela de papel. As crianças, e mesmo os curiosos pais, riam admirados até quando acontecia algum "acidente" e o pobre Barros tinha que desmanchar aquilo tudo, puxando fios, ajeitando os bonequinhos, desentalando o trem descarrilado. "Que coisa linda"..., pensava, quando senti puxar-me o pescoço: "É hora de irmos adiante, Ebenezer!"
O Natal no presente
Num piscar de olhos, saímos do centro e fomos parar num Shopping Center, o "não-lugar" de todas as cidades do mundo. O espírito não parecia tão severo quanto antes. Sentou-se embaixo de uma fonte e observava as pessoas comprando, comprando, comprando. Num canto, o trono de um Papai Noel triste — "não estaria ganhando pouco demais?" — a bater no piso com o coturno cadencioso. As pessoas entravam e saiam das lojas num corre-corre danado, indiferentes à torre de concreto que crescia, ali ao lado, por sobre um tapete de mangue. Elas conferiam listas, endividavam-se, discutiam, falavam que tinham de ir para a festa de Fulano, tinham que comprar o presente para Ciclano e tinham mais outras tantas coisas para fazer, mas, o que queriam mesmo, era largar tudo isso e assistir ao show da dupla chorosa que iria tocar no reveillon naquele hotel de luxo... "Mas com quem iriam deixar as crianças? Ah, elas atrapalhavam!"
— Já vi o bastante, e você? — sentenciava o espírito.
— Eu não sei, para mim parece tudo tão normal. Quer dar uma passadinha na praça da alimentação, não, espírito? — nem me respondeu!
O Natal no Futuro
Estávamos na praça do Ferreira, foi o que o Boz me disse, eu não a reconheci. Aliás, nem tinha mais esse nome. No meio dela, ao invés da Coluna da Hora, um imenso Jesus de fibra todo iluminado, braços abertos e olhos de martírio, girava enquanto abria a bocarra para receber as moedas que as pessoas lhe lançavam. O mais impressionante era que aquelas pessoas não tinham face, acredita? Verdade... Não tinham olhos, narizes ou bocas, e, às costas, via-se uma pronunciada chave de corda que as impulsionava, maquinalmente, a seguir em frente com suas roupas, sapatos, bolsas e cabelos iguais. A diversidade tinha ido para o espaço, assim como as árvores, os rios, lagoas, pássaros e os animais. O céu embaçava visto através de uma redoma de vidro; o piso e grama emborrachados, os jardins de plástico e alumínio. Família? Ninguém sabia o que era isso. Filhos, só de incubadeiras! Não sabiam pensar, repetiam apenas. Moravam sozinhos em lofts. Nem sei se esse povo todo estava ali ou eram apenas imagens holográficas:
— Consumismo demais, desperdício demais! Só ganância, egoísmo, vaidade, violência, exploração e muita mentira! Então, Ebenezer, você está convencido de que precisa mudar?
— Sim, espírito... Tenho que mudar e voltar a ser o Raymundo Netto novamente. Eu não sou esse tal Ebenezer, criatura! Vossa fantasmagoria se enganou feio. Quero mais ver nada, não!
— Sério? Não é o Ebenezer Scrooge? — olhou para um pedaço de papel — Homessa, não é a primeira vez, em minha divisão, que digitam o CEP errado. Secretárias! Mil perdões, foi mal!
Dizendo isso agitou os braços e, de repente, eu estava novamente em minha casa.
De volta...
No silêncio da sala, o sol já despontava. Iria deitar-me, quando olhei para a árvore de natal apagada. Lembrei: basta apenas uma das lâmpadas do pisca-pisca queimar para que todas as outras percam a sua função. Assim como as pessoas... Devagar, troquei a pequena lâmpada, e, toda ela voltou a brilhar! Sentei para admirar a dança das coloridas piscantes que tocavam uma musiquinha parecida com a da lapinha do velho Paula Barros. Pareciam me dizer: nós não estamos sozinhos e temos que comemorar todos os nossos dias. Feliz Natal, amigos e ledores!
Obs.: Texto baseado em Um Conto de Natal de Charles "Boz" Dickens (1812-1870)
*RAYMUNDO NETTO :Escritor, designer, quadrinhista e produtor cultural. Autor do romance "Um Conto no Passado: cadeiras na calçada" (IMPRECE), ganhador do I Edital de Incentivo às Artes da SECULT/CE (2005), e dos infanto-juvenis "A Bola da Vez" (2008) e "A Casa de Todos e de Ninguém" (2009), ambos pelas Edições Demócrito Rocha. É cronista convidado do Caderno Vida e Arte do jornal O POVO há três anos. Atualmente, é coordenador editorial da SECULT/CE.
( Texto originalmente publicado no jornal O Povo/ www.opovo.com.br)
domingo, 31 de julho de 2011
POESIA: AMIGO MEU- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Foto: Trem local em Vilassar de Mar (Espanha), por Robby Muñoz.
AMIGO MEU
De Vanda Lúcia da Costa Salles(Brasil)
Ao JOAN BENAVENT (Espanha)
1
elegi-o do profundo de meu ser... Em uma noite madura.
2
O voo poético se fez oblonga de estrelas
Livre
na arte do encontro.
3
Jazz/palavras em doce mirar, amigo meu
O seu canto brejeiro de bem-te-vi
A iluminar o meu ser
Na densa escuridão do silêncio contemporâneo... É ímpar!
4
Dei cordas ao meu coração
e ele retribuiu-me com ardor
enlaçou-me nessas fibras delicadas
que a amizade floriu
(como só ela sabe o tom),
dessa maneira singular,
entre poesias& prosas & críticas literárias,
para despertar através de nossas bocas
um dos enigmas da vida.
5
E é sempre a utopia a aliviar as cicatrizes!
sexta-feira, 22 de julho de 2011
HOMENAGEM: VAMOS SOBRE EL SILENCIO - SILVIA LONG-OHNI (ARGENTINA)
Foto: Silvia Long-Ohni (poeta argentina) em Rio das Ostras-RJ-Brasil
VAMOS SOBRE EL SILENCIO
SILVIA LONG-OHNI (ARGENTINA)
Vamos sobre el silencio, Hermano.
Las hojas ya no crujen debajo de tus pies
Y el rio sigue inválido esperando Del outro lado de la via
Como si nuestro juego no hubiera terminado.
Ya vês,
La sombra de mi sombra, nuestras sombras
Que querían crecer inútilmente
Recostadas em este breve tiempo
Contra esse pino azul y los naranjos
Como si el sueño de ser grandes
Fuera tan imposible como perder la infância
Y perder el camino que nos llevaba al rio
Y el mismo rio que ya se há devorado
Esse asombro tan nuestro, nuestro insomnio.
Como um perro perdido busco el rastro
Para volver a casa
Y encontrarte.
------------------------------ --------------------- ---------------------
Amig@s míos, aunque el Día del Amigo, algo arbitrario, porque los días del Amigo han de ser todos los de nuestra vida, haya pasado ya, no quería dejar de hacerles llegar estas breves palabras y reflexiones nacidas de mis lecturas, de mis reflexiones y, fundamentalmente, de mi corazón.
"Mi amor es mi peso; por él soy llevado a dondequiera que soy llevado"
San Agustín (Confesiones, XIII, 9)
Por mí tengo que sólo quien es capaz de experimentarse a sí mismo como persona en el más pleno y total de los sentidos es capaz de comprender al otro y que ello nos conduce a construirnos recíprocamente. Esta comprensión, que necesariamente se caracteriza por la gratuidad, es para mí el pilar fundamental de lo que entiendo por Amistad, sentimiento necesario que nos permite llegar a una completad humana recíproca.
Entiendo la Amistad como un particular sentimiento de Amor, sentimiento que es la anticipación de la realización conjunta de dos subjetividades. Por eso es que acudo a las palabras de Aristóteles, quien sostiene que la obra del Amor es la unidad así como San Agustín nos advierte que el Amor es la tendencia a la unidad.
Más allá, Hegel nos propone el Amor como la unidad de la identidad y de la diferencia, es decir, la unidad en la que dos subjetividades alcanzan la identificación sin que por ello se suponga la anulación de la una respecto de la otra sino que, por el contrario, la diferencia se mantenga y se perfeccione.
Por todo esto es que quisiera decirles que, para mí, la manifestación más patente de esa unidad se realiza en el abrazo, en ese abrazo pleno y sincero que en este momento les estoy enviando así como este bellísimo párrafo de mi tan amado Saint-Exupéry que, desde luego, yo no alcanzaría con mis propias palabras.
Long
Silvia
Amigo mío,
tengo tanta necesidad de tu amistad.
Tengo sed de un compañero que respete en mí,
por encima de los litigios de la razón,
el peregrino de aquel fuego.
A veces tengo necesidad de gustar por adelantado el calor prometido,
y descansar, más allá de mí mismo,
en esa cita que será la nuestra.
Hallo la paz.
Más allá de mis palabras torpes,
más allá de los razonamientos que me pueden engañar,
tú consideras en mí, simplemente al Hombre,
tú honras en mí al embajador de creencias,
de costumbres, de amores particulares.
Si difiero de ti, lejos de menoscabarte te engrandezco.
Me interrogas como se interroga al viajero,
Yo, que como todos, experimento la necesidad de ser reconocido,
me siento puro en ti y voy hacia ti.
Tengo necesidad de ir allí donde soy puro.
Jamás han sido mis fórmulas ni mis andanzas
las que te informaron acerca de lo que soy,
sino que la aceptación de quien soy te ha hecho
necesariamente indulgente para con esas andanzas y esas fórmulas.
Te estoy agradecido porque me recibes tal como soy.
¿Qué he de hacer con un amigo que me juzga?
Si todavía combato, combatiré un poco por ti.
Tengo necesidad de ti. Tengo necesidad de ayudarte a vivir.
Antoine de Saint-Exupéry
* SILVIA LONG-OHNI: Nació, vive y morirá em Buenos Aires. Su existência há sido la actividad literária. Licenciada em Historia de las Artes (UBA), antes estúdio medicina y música. Ejerció la docência y vivió la militância política. Compone música. Rastros suyos se hallan em revistas y traducciones, em prêmios numerosos y em la colaboración cercana com grandes escritores, antecedentes que se opacan ante su condición esencial de poeta, uma de las más notables de la Argentina reciente
quinta-feira, 14 de julho de 2011
segunda-feira, 11 de julho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
POESIA: ETIQUETA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
ETIQUETA
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Pus
na caixa de guardados:
um sentimento extranho,
um raminho de alecrim,
sua foto e a minha,
e todas as lembranças vividas
Por fora
a etiqueta dizia:
mamãe.
**VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES: nasceu em Italva, interior do Rio de Janeiro, Brasil, em 25 de abril de 1956. É escritora, poeta, ensaísta, artista plástica, tradutora e conferencista.Graduada em Letras/Português-literaturas, pela UERJ/FFP;Pós-Graduada em Literatura Infanto-Juvenil pela UFF;e em Arteterapia na Saúde e na Educação pela pela UCAM.Catedrática de Literatura do Museu Belgrano(Argentina), ortogada pelo Fundador e Diretor Dr. Ricardo Vitiritti; Diretora Internacional do Taller Artístico Alas Rotas-Alitas de América, nomeada pela Fundadora e Diretora Geral do T.A.A.R., em Argentina Srª Silvia Aida Catalán; Fundadora e Diretora do ENLACE MUSEU PÓS-MODERNO DE LITERATURA.
Publicou: No tempo distraído (narrativas, Ágora da Ilha,2001),
Diversidades e Loucuras em Obras de Arte- um estudo em Arteterapia (ensaio, Ágora da Ilha, 2001),
A palavra do menino e as abobrinhas 9 infanto-juvenilo, HP.Editora,2005),
O chamado das musas.Pô-Ética Humana: o enigma do recheio- a arteterapia ao sabor da educação brasileira(pesquisa poética em arte e educação, Creadores Argentinos, 2008;
Núncia Poética (poesias, Cbje,2010).
Participa também das seguintes antologias:
Os melhores poetas brasileiros Hoje/1985(Shogum Editora, 1985),
III Encuentro Nacional de Narradores y Poetas - Unidos por las Letras!-2009-Bialet Massé (Córdoba, Argentina,2009),
Poesia em Trânsito-Brasil/Argentina (La Luna Que, Buenos Aires, 2009, e
1º Antología Literaria Nacional e Internacional 2010 " Ser Voz en el Silencio, S.A.L.A.C. va.Carlos Paz, Córdoba-Argentina (Galia's, Editora Independiente,2010).
terça-feira, 21 de junho de 2011
POESIA: NO BROTO - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Foto: Gato e flor
NO BROTO
à Fátima Inácio Gomes(Portugal)
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
De quando em quando:
Gato e flor, não, não se estranham. Um nada aqui se faz.
No voo: solidão é casario, penso doida. No vão das coisas, a chave me agita toda.
Aplaino o grito, na lucidez do parto. Indago ao tempo: o que me destoa?
No broto, a queda livre se engraça lépida... E rasga o ventre da Liberdade.
Em desalinho
( no avesso do avesso),
como pimenta e gergelim.
Poesia arvora-se, no dentro
Traços e mãos se apetecem. Um gosto travo na mesma língua.
No olho do gato: desejo em flor!
sábado, 18 de junho de 2011
POESIA: NUM CHEIRO DE UM PASSARINHO- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES(BRASIL)
Foto: Pássaros
NUM CHEIRO DE UM PASSARINHO
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Entrei num cheiro de passarinho
e
funguei seu pescoço, de jeito
morno
que a vida parou em seu galope
Rodopíamos com tempo, no silêncio
de um galhinho de alecrim
Há dias em que qualquer palavra
nos fazem estarrecidas, diante do óbvio:
seu olhar é o que de mais lindo há, na face da Terra!
segunda-feira, 13 de junho de 2011
AH, E SE EU FOSSE UM ESCRITOR - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Foto: Vanda Lúcia da Costa Salles, num Café Literário, em Buenos Aires-Argentina.
Foto; Poetas e Narradores no Encontro Literário em Villa Carlos Paz,Córdoba,Argentina-2010
AH, E SE EU FOSSE UM ESCRITOR
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Eu pegaria com carinho as palavras, aquelas bem pequeninas,
com jeitinho de criança arteira
que se esconde
em um pique se esconde, e diz
com carinha inocente: " eu não estou aqui!"
E no perto de ser pega, reclama dengoso: "Isso não vale!",
"não e não, eu ainda nem me escondi."
Vale mais o ser que brinca pleno de vida.
Ah, e se eu fosse um escritor! Que beleza seria!
Eu saberia, com certeza, a escrita mais fina.
Delicada,
não muito tagarela,
mas que contivesse o nó das coisas. Como um laço de fita,sem destoar.
Casadinha com o mistério, seria.
Uma, não,
duas avezinhas no arrebol,
e
esse meu laço da fita, bem sei,
jamais ficaria no ar.
domingo, 29 de maio de 2011
MOMENTO DISCENTE: MEU AUTOR EM PESQUISA - LIMA BARRETO - POR CAROLINE DE MORAIS BARBOSA(BRASIL)
Foto: LIMA BARRETO (BRASIL)
LIVRO E AUTOR EM PESQUISA: LIMA BARRETO
CAROLINE DE MORAIS BARBOSA (BRASIL)
O livro " O Novo Manifesto" fala sobre eleição e a pobreza da humanidade. Trata das coisas úteis que os deputados poderiam fazer pela humanidade.
Meu autor em pesquisa é o Lima Barreto, que nasceu no Rio de Janeiro em 1881. Filho de pais mestiços foi vítima de preconceitos e morreu em 1º de novembro de 1922.
A editora que publicou este livro foi a Martins Fontes, em 2003.
Meu livro em pesquisa é uma antologia de contos e crônicas. Ele tem vários autores que são : Érico Veríssimo, Machado de Assis,Cecília Meireles, Antonio Maria e Lima Barreto ( o meu preferido).
*AFONSO HENRIQUES DE LIMA BARRETO(Rio de Janeiro, 13 de maio de 1881 - São Paulo, 1 de novembro de 1922), melhor conhecido como Lima Barreto, foi um jornalista e um dos mais importantes escritores libertários brasileiros.
Era filho de Joaquim Henriques de Lima Barreto (mulato nascido escravo) e de Amália Augusta (filha de escrava agregada da família Pereira Carvalho). O seu pai foi tipógrafo. Aprendeu a profissão no Imperial Instituto Artístico, que imprimia o famoso periódico "A Semana Ilustrada". A sua mãe foi educada com esmero, sendo professora da 1º à 4º séries. Ela morreu cedo e João Henriques trabalhou muito para sustentar os quatro filhos do casal. João Henriques era monarquista, ligado ao Visconde de Ouro Preto, padrinho do futuro escritor. Talvez as lembranças saudosistas do fim do período imperial no Brasil, bem como suas remotas lembranças da Abolição da Escravatura na infância tenham vindo a exercer influência sobre a visão crítica de Lima Barreto sobre o regime republicano.
Lima Barreto começou a sua colaboração na imprensa desde estudante, em 1902, no A Quinzena Alegre, depois no Tagarela, O Diabo, e na Revista da Época. Em jornais de maior circulação, começou em 1905, escrevendo no Correio da Manhã uma série de reportagens sobre a demolição do Morro do Castelo. Daí em diante, colaborou em vários jornais e revistas, Fon-Fon, Floreal, Gazeta da Tarde, Jornal do Commercio, Correio da Noite, A Noite (onde publicou, em folhetim, Numa e a Ninfa), Careta, ABC, um novo A Lanterna (vespertino), Brás Cubas (semanário), Hoje, Revista Souza Cruz e O Mundo Literário.
Em 1911 editou com amigos a revista Floreal, que conseguiu sobreviver apenas até à segunda edição, mas despertou a atenção de alguns poucos críticos. 1909 foi o ano de sua estreia como escritor de ficção, publicando, em Portugal, o romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha. A narrativa de Lima Barreto nesse primeiro livro, pincelada com indisfarçáveis traços autobiográficos, mostra uma contundente crítica à sociedade brasileira, por ele considerada preconceituosa e profundamente hipócrita, até mesmo os bastidores da imprensa opinativa são alvo de sua narrativa mordaz, inspirados na redação do Cartas da Tarde. Em 1911 começou a publicação, em formato de folhetins no ''''Jornal do Commercio'''' do Rio de Janeiro, de sua mais importante obra, Triste Fim de Policarpo Quaresma, que anos mais tarde (1915) foi editado em brochura e considerado pela crítica especializada como basilar no período do Pré-Modernismo
Ler mais em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lima_Barreto
segunda-feira, 23 de maio de 2011
POESIA: NO ESPELHO DO CARRO QUE NÃO TENHO - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)*
Foto; Carro de corrida
NO ESPELHO DO CARRO QUE NÃO TENHO
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
é uma ilusão, mas
como um oásis sei que
no espelho do carro que não tenho habita
uma fada pequenina e vivaz
que jura,
acenando a sua varinha mágica,
metamoforsearmo-nos
em consumidores aguerridos. Pouco caso, faço.
E desdenho todos os imperativos. Sou do giro. Apenas, mais uma louca.
Gosto de água de chuva,
de cachoeira correndo, e
nem sempre nado a favor da corrente,
de pão quente saindo do tacho, em fogão de lenha
de angu fininho, cozido lento
de correr cosmos a fora, apenas em pensamento
de ismicuir-me nas tábuas coloridas do Gentileza
de citar Bispo do Rosário,
dos óculos de Machado de Assis,
de literatura infanto-juvenil,
de praia bonita e areia limpa,
de imaginar se... E se a maçã a serpente engolisse?
O que seria da fada?
A minha bíblia tem capa dourada e um sonho de ser!
**VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES: nasceu em Italva, interior do Rio de Janeiro, Brasil, em 25 de abril de 1956. É escritora, poeta, ensaísta, artista plástica, tradutora e conferencista.Graduada em Letras/Português-literaturas, pela UERJ/FFP;Pós-Graduada em Literatura Infanto-Juvenil pela UFF;e em Arteterapia na Saúde e na Educação pela pela UCAM.Catedrática de Literatura do Museu Belgrano(Argentina), ortogada pelo Fundador e Diretor Dr. Ricardo Vitiritti; Diretora Internacional do Taller Artístico Alas Rotas-Alitas de América, nomeada pela Fundadora e Diretora Geral do T.A.A.R., em Argentina Srª Silvia Aida Catalán; Fundadora e Diretora do ENLACE MUSEU PÓS-MODERNO DE LITERATURA.
Publicou: No tempo distraído (narrativas, Ágora da Ilha,2001),Diversidades e Loucuras em Obras de Arte- um estudo em Arteterapia (ensaio, Ágora da Ilha, 2001),A palavra do menino e as abobrinhas 9 infanto-juvenilo, HP.Editora,2005), O chamado das musas.Pô-Ética Humana: o enigma do recheio- a arteterapia ao sabor da educação brasileira(pesquisa poética em arte e educação, Creadores Argentinos, 2008; Núncia Poética (poesias, Cbje,2010). Participa também das seguintes antologias: Os melhores poetas brasileiros Hoje/1985(Shogum Editora, 1985), III Encuentro Nacional de Narradores y Poetas - Unidos por las Letras!-2009-Bialet Massé (Córdoba, Argentina,2009), Poesia em Trânsito-Brasil/Argentina (La Luna Que, Buenos Aires, 2009, e 1º Antología Literaria Nacional e Internacional 2010 " Ser Voz en el Silencio, S.A.L.A.C. va.Carlos Paz, Córdoba-Argentina (Galia's, Editora Independiente,2010).
segunda-feira, 9 de maio de 2011
PROSA POÉTICA: ALMAS PERFUMADAS- ANA JÁCOMO- (The Blowers Daughter-Damien Rice)
ATENÇÃO!!!!
ALMAS PERFUMADAS
ANA CLÁUDIA SALDANHA JÁCOMO
(Para minha avó Edith)
Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas,pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Costumo dizer que algumas almas são perfumadas, porque acredito que os sentimentos também têm cheiro e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia. Minha avó era alguém assim. Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores. A minha, foi uma delas. E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado, que ela mudou de frasco, mas ele continua vivo no coração de tudo o que ela amou. E tudo o que eu amar vai encontrar, de alguma forma, os vestígios desse perfume de Deus, que, numa temporada, se vestiu de Edith, para me falar de amor.
Blog: http://anajacomo.blogspot.com
E-mail: anajacomo@terra.com.br
http://www.releituras.com/ne_acdjacomo_almas.asp
ANA CLÁUDIA SALDANHA JÁCOMO(1966): é carioca, formada em Jornalismo, funcionária pública, e absolutamente enamorada, desde criança, pelo exercício de escrever. O estilo predominante em seus textos é a prosa poética, a exemplo de “Almas Perfumadas”, que publicou, ainda inédito na internet, no Releituras, quando o site estava inaugurando o espaço para novos escritores. Na década de 90, participou com contos e crônicas das antologias "Hoje", "Agora" e "Já", resultantes do trabalho da Oficina Literária do poeta Cairo Trindade, a qual freqüentou por cerca de um ano. Em 2001, lançou um livro independente intitulado “Parto de Mim”, impresso na Fábrica de Livros da SENAI, com duas tiragens já esgotadas. Apaixonada por música, desde sempre, no finalzinho de 2006 começou também a percorrer o caminho da composição musical. Gosta de dizer que escrever é o seu trabalho mais lúdico. Seu jeito preferido de prece. Sua maneira predileta de levar o coração para pegar sol.
THE BLOWER'S DAUGHTER
DAMIEN RICE
And so it's
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it's
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes...
And so it's
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it's
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes...
Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind...
My mind... my mind...
'til I find somebody new
A FILHA DO VENTO
Composição: Damien Rice
(Tradução em Português)
E então é isso
como você disse que seria
A vida corre fácil pra mim
A maioria das vezes
E então é isso
A história mais curta
Sem amor, sem glória
Sem herói no céu dela
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de Você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos...
E então é isso
Como você falou que deveria ser
Nós dois esqueceremos a brisa
A maioria das vezes
E então é isso
A água gelada
A filha do vento
A aluna rejeitada
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos...
Eu disse que te detesto?
Eu disse que quero deixar
Tudo para trás?
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Meus pensamentos...Meus pensamentos...
Até conhecer uma nova pessoa.
DAMIEN RICE(Celbridge, 7 de dezembro de 1973) é um cantor, instrumentista e compositor irlandês. Ex-integrante da banda Juniper. Embora com poucos álbuns gravados e sem fazer muitos shows por ano, tornou-se mundialmente conhecido com o sucesso "The Blower's Daughter" que integrou a trilha sonora do filme Closer, Filho de Maureen e George Rice, Damien Rice nasceu em 7 de dezembro de 1973, em Celbridge, no condado de Kildare, no interior Irlanda. Durante a infância, passava longo tempo ao ar livre, em companhia de seu cachorro de estimação e pescando. O contato com a música em casa não era grande, mas seu interesse por música sim.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
MOMENTO DISCENTE: ENTREVISTA AO POETA ANTÓNIO GONÇALVES (ANGOLA)
Foto: António Gonçalves (Angola)
“Poesia/ não se aprende/ na escola/ o poeta é/ a escola/ a escol(h) a/ do poeta/ é uma sacola/ sem pega/ que se apega/como cola/des colando/palavra da sacola/escola/que o poeta doa”
ENTREVISTA DE ALUNOS BRASILEIROS AO POETA DE ANGOLA ANTÓNIO GONÇALVES-ANGOLA
A PARTIR DE AULAS EM LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS EM LÍNGUA PORTUGUESA, DA PROFª. VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES-BRASIL-2008
1ª.) SAULO LUIS LIMA DA SILVA : Senhor António Gonçalves, qual foi o seu primeiro livro escrito? E por que o escreveu?
R: O meu primeiro livro escrito chama-se “Cenas que o museke conhece” e foi escrito em 1978. Todavia, só viria a ser publicado em 2003 em Cuba. Escrevi esta novela primeiro como tributo a um grupo de patriotas do bairro onde nasci em que também fez parte um irmão meu e por outro lado, como homenagem aos “Musekes” do meu país já que constituem laboratórios vivos de várias amostras da identidade cultural.
1ª.) SAULO LUIS LIMA DA SILVA : Senhor António Gonçalves, qual foi o seu primeiro livro escrito? E por que o escreveu?
R: Um pai gosta dos seus filhos de forma igual. Em determinados momentos identifico-me mais com algum poema mas tempo depois acabo por sentir o mesmo com outro poema e assim sucessivamente
3ª.) MARLON PEREIRA : Você gosta do que faz ou alguma vez pensou em desistir?
R: Gosto do que faço. Comecei a escrever poesia aos 13 ou 14 anos e escrevi a minha primeira novela aos 18 anos daí em diante sempre estive comprometido com a literatura directa ou indirectamente.
4ª.) SABRINA DE PAULA SIMÕES : Poeta, você gostaria de escrever livros para crianças ou adolescentes? Por quê?
R: Escrever para crianças creio que não tenho vocação mas para adolescentes talvez um dia possa tentá-lo.
5ª.) WEVERTON VIEIRA BORHER : Como se sentiu ao construir o seu primeiro poema ? E o que é escrever em língua portuguesa?
R: Os primeiros poemas que escrevi foram de inspiração religiosa. Na altura, frequentava a igreja católica do meu bairro, “Bairro Popular”, hoje “Neves Bendinha” em Luanda onde nasci. Naturalmente, senti-me muito emocionado e feliz. Escrever en língua portuguesa para mim tem sido um exercício interessante porque os autores africanos, sempre têm a influência de uma língua africana, correspondente às áreas geográficas onde nasceu. No meu caso sinto a influência da língua Kimbundu que fala a minha mãe.
6ª.) THULLYANA : Como você se situaria em relação a poesia em língua portuguesa no mundo contemporâneo? Por quê?
R: Não sou a pessoa ideal para responder a esta pergunta. De todos modos, na minha modesta opinião, como poeta contemporâneo tenho dado o meu contributo para o enriquecimento e divulgação da poesia de língua portuguesa. Vivendo sete anos em Cuba publiquei mais de cinco livros bilingues, Português-Espanhol e faço parte de várias antologias de poesia publicadas em Angola, Cuba e Brasil.
7ª.) MIDIAN MAIA DE FARIA : As pessoas lendo o seu poema ou ouvindo-os ficam felizes?
R: Sim
8ª.) PAULO VINICIUS FERNANDES RANGEL : Senhor(es) poeta(s), sua obra é inspirada no povo Angolano ou no Continente Africano?
R: A minha obra é inspirada no povo angolano. Acontece que Angola é um país africano, daí que a barreira entre o meu país e o continente, é demasiada estreita, ou talvez não exista .
9ª.) RAIANNY SOARES SIQUEIRA : Como aconteceu em sua vida o encantamento da poesia ?
R: Aconteceu de forma espontânea. Eu vivo frequentemente momentos de inspiração e a única forma de acalmar-me é descarregar o que sinto numa folha de papel. As causas da inspiração são de vária ordem e a meu ver não têm explicação científica.
10ª.) KEVIN DE MORAES BORHER : Fale-nos sobre o fazer poético de “Transparências”? Como foi construí-lo?
R: “Transparências” (Livro) é considerado pela crítica como sendo até o momento o livro de poesia mais acabado esteticamente e com melhor elaboração do ponto de vista temático. Antes de Transparências havia publicado em 1996 “Adobe vermelho da Terra”, e o livro a que nos referimos saiu ao lume em 2004. Passaram precisamente oito anos de muita leitura e exercitação. “Transparências” é uma construção de poemas isolados. Os grandes temas deste livro são: a reivindicação da paz e o fim da guerra em Angola e no mundo, a luta pela igualdade social, o desenvolvimento harmonioso do planeta, a luta pela afirmação do continente africano, entre outros temas sem esquecer o amor.
11ª) RAFAELA FACUNDO CASTRO : Você prefere fazer seus poemas quando está triste ou alegre?
R: Quando estou triste.
12ª.) RAYANE CARLOS CORTES : Como você descobriu o seu talento? A Escola influenciou-o ?
R: Descobri o meu talento de forma espontânea mas depois de escrever “Cenas” dei a ler ao meu professor de português e ele gostou do livro daí ter posto na minha mente que um dia seria escritor. Naturalmente a escola influenciou-me muito.
13ª.) NAYARA TERRA SOUZA : Qual foi o seu livro que mais fez sucesso?
R: Até ao momento creio ter sido “A linguagem dos pássaros e dos sonhos” que esgotou praticamente em seis meses. Foi editado em Cuba pela Editoria Arte e Literatura e foi impresso na Colombia.
14ª.) CRISTIANE CESÁRIO : Em que momento você descobriu que gostava de fazer poemas? E seus familiares gostaram da idéia de ser poeta?
R: Ganhei maior conciência sobre a poesia depois de tomar contacto com a Brigada Jovem de Literatutra de Luanda. Mas o engajamento militante só viria acontecer nos primeiros anos da década 90. Os meus familiares apoiaram a ideia de ser poeta.
15ª.) ALINE DA SILVA NASCIMENTO : O(s) Senhor (es) pensa(m) em fazer uma autobiografia?
R: De momento não tenho pensado em escrever uma autobiografia, talvez quando tenha maior idade o faça.
16ª.) LUAN ARAUJO DE SOUZA : Como foi sair pela primeira vez do seu país, principalmente, para falar os seus poemas ?
R: A primeira vez que sai do meu país foi para ir precisamente ao Brasil em Salvador de Bahia. Foi uma experiência interessante, adorei
17ª.) PAULO VINÍCIUS FERNANDES RANGEL : Qual de sua obra o marcou mais, a ponto de deixá-lo rodopiando de contente ?
R: Até ao momento um livro inédito que se chama “Renascer sem corpo”.
18ª.) JHÉSSICA THAYANE CHAGAS VIEIRA : Em seu ponto de vista, como está a poesia hoje em seu país? Existe uma Poesia Negra Contemporânea?
R: A poesia no meu país está estagnada. Depois da Geração dos Novíssimos onde faço parte já não surgem grandes talentos. Existe uma poesia angolana contemporânea. É possível que dentro dela continuem a existir poetas que defendam a negritude. Creio que enquanto existir discriminação contra o negro, haverá sempre uma poesia a denunciar essa situação
19ª.) ANA CAROLINE RODRIGUES B. DOS SANTOS : Para vocês poetas, qual a importância da poesia na formação de uma pessoa ? Por quê ?
R: A poesia pode influenciar na formação de uma pessoa pelo valor humanístico que a mesma defende e promove. A poesia possibilita ao ser humano aventurar-se em mundos onde a ciência ainda não consegue chegar ou explicar, esse é um dos grandes atributos da poesia. Porquê? Porque o ser humano existe para crescer espiritualmente e a poesia pode ser um meio para essa realização.
20ª.) SUELLEN GOTTGTROY ANTUNES : Poesia é uma forma de aprendizagem? Por quê?
R: A poesia é uma forma de aprendizagem e de crescimento individual, porque o exercício poético como acto isolado, é capaz de abrir a mente humana para estágios nunca antes sentidos, e isso gera na pessoa um crescimento mental, e por vezes também espiritual.
21ª.) RAYANE CARLOS CORTES : Como chegou ao ponto de publicar o primeiro livro? O caminho foi difícil ou fácil?
R: Tive a sorte de publicar o meu primeiro livro “Gemido de pedra”, enquanto funcionáro de uma cadeia hoteleira. Trabalhava então como Sub-director de um hotel em Luanda e o administrador da Empresa gentilmente patrocinou o primeiro e o meu segundo livro. Estou eternamente grato a essa pessoa de nacionalidade portuguesa.
22ª.) MARCOS JUNIOR NERI DE SOUZA : Como é a sua vida escrevendo poesia? E como é conceber entrevistas?
R: Eu faço uma vida normal como qualquer cidadão. O que passa é que os poetas sentem os problemas da sociedade de forma mais ardente que as pessoas que nao o sao. Dou poucas entrevistas, apenas quando creio ser nencessário ou quando publico um livro novo.
23ª.) ANDRÉ JUNIOR MONTEIRO BATISTA : Que poetas ou escritores influenciaram em sua carreira ? E o que você teria para dizer aos jovens poetas que iniciam?
R: Os poetas que influenciaram a minha carreira foram Agostinho Neto, Viriato da Cruz e António Jacinto de Angola. Do Caribe Nicolás Guillén, do Brasil Carlos Drummond de Andrade e de Portugal Fernando Pessoa. Como prosador fui influenciado por Jorge Amado, Dostoievski e Leon Tolstoi. Aos jovens poetas que iniciam devem ler bastante e não ter pressa em publicar. Fazer literatura é uma tentativa de aportar algo novo neste imenso edifício. Se não temos a certeza de que estamos a produzir alguma novidade será melhor continuar a trabalhar os textos.
24ª.) AMANDA PINHEIRO DO NASCIMENTO : Com quantos anos você descobriu que queria ser poeta ? E a quem você é agradecido?
R: Descobri que queria ser escritor depois de escrever a novela aos 18 anos. Decidi que seria poeta depois de publicar “Gemido de pedra” em 1994, tinha então 34 anos. Estou agradecido ao poeta angolano Lopito Feijoó que me emprestou vários livros sobre teoria literária incluindo números da revista de poesia “Dimensão” que se editou no Brasil por Guido Brilharinho.
25ª.) MICHELI DE FARIA : Que escritor ou poeta brasileiro atual, você admira ? Por quê?
R: Admiro o poeta brasileiro Thiago de Melo, autor dos “Estatutos do Homem”, pelo humanismo que transpira os seus textos.
Obs.: Desde já, o nosso muito obrigada!
*Cara professora.
Com muito gosto envio-lhe as respostas ao questionário que me enviou.
Carinhosamente,
Antonio Gonçalves
quarta-feira, 26 de novembro de 2008, 22:28:04
**ANTÓNIO GONÇALVES: nasceu aos 10 de Agosto de 1960 em Luanda (Angola). Estudou Gerência Hoteleira. Realizou estudos de Linguística no Instituto Superior de Ciências da Educação.
Exerceu funções como Diretor de unidades hoteleiras de Angola. Foi Secretário Geral da União de Escritores Angolanos (UEA). Atualmente é o Conselheiro Cultural da República de Angola em Cuba.
Tem publicado os seguintes livros: Gemido de pedra (Poesia-1994), Versos Libertinos (Poesia-1995), Adobe vermelho da terra (Poesia-1996), Buscando o Homem (Seleção de poemas-2000), A África que observo com os dedos (Poema postal-2002), Cenas que o museke conhece (Novela-2003), Transparências (Poesia-2004), A linguagem dos pássaros e dos sonhos (Seleção de poemas de amor-2005), As vozes do caminho (Poesia-2005). A Quinta Estação do Tempo.
Proferiu várias conferências sobre cultura, arte e política, das quais algumas já estão publicadas em jornais e revistas de Angola e de Cuba.
É co-autor do plaquet bilingue Português-Francês, “Cacimbo 2000”, com os poetas angolanos Amélia da Lomba, João Maimona e com o poeta francês Emmanuel Tugni. Faz parte, com mais 41 poetas de Angola, da “Antologia do Mar na Poesia Africana de Língua Portuguesa do Século XX”, organizada pela investigadora brasileira Carmen Lucia Tindó Ribeiro Secco. O Sétimo Caminho (Poesia-2006)
sábado, 30 de abril de 2011
POESIA: UM OLHAR A MAIS... - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Foto: Praia de Carilo (Argentina)
UM OLHAR A MAIS...
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
e essa música preenchendo todo o espaço, até que
seu jeito e um olhar a mais, porque é Sábato
e nos propõe o Informe sobre cegos
como uma oferenda
de cíclopes
a vereda se mostra propícia a luz, e
à luz
de uma cantata em que o amor
é a essência
se confraterniza com Tolstoi, e
apenas
nos brinda com um olhar a mais...
sexta-feira, 29 de abril de 2011
ATENÇÃO: GALIZA CO GALEGO ACTO PÚBLICO A PROL DA EDUCACIÓN EN GALEGO O VERNES 29 DE ABRIL NA CASA GALEGA DA CULTURA EN VIGO (ESPANHA)
Foto: Bandeira da Espanha
Foto: Bandeira de Vigo (Espanha0
Foto: Escudo de Vigo (Espanha)
Foto: Ria en Vigo (Espanha0
GALIZA CO GALEGO ACTO PÚBLICO A PROL DA EDUCACIÓN EN GALEGO O VERNES 29 DE ABRIL NA CASA GALEGA DA CULTURA EN VIGO
A Comisión Promotora Galiza co Galego, en colaboración coa plataforma Prolingua, invítao a participar no acto público a prol da educación en galego que terá lugar o venres 29 de abril, en horario de 20:00 a 21:30 horas, na Casa Galega da Cultura situada na Praza da Princesa do Concello de Vigo.
Programa:
Presentación a cargo de dona Iolanda Veloso Ríos, concelleira da Área de Xuventude, Igualdade e Normalización Lingüística do Concello de Vigo.
Relatorios:
“Razóns para educar en Galego”.
Relatorio a cargo de D. Manuel Bragado Rodríguez, licenciado en Ciencias da Educación, mestre de educación infantil e primaria, ex presidente da asociación pedagóxica Nova Escola Galega e director xeral de Edicións Xerais de Galicia.
“Linguas minorizadas europeas en proceso de normalización”.
Relatorio a cargo de D. Xosé-Henrique Costas González, lingüista, director de Normalización Lingüística e vicerreitor de Extensión Universitaria da Universidade de Vigo.
“Construíndo futuro; escolas en galego”.
Relatorio a cargo da Comisión Galiza co Galego, con información sobre o traballo desenvolvido cara a facer efectivo o noso dereito á educación en galego.
Grazas ao apoio das/os nosas/os socias/os e dos preto de 3.000 compromisos acadados do movemento popular de Galiza co Galego, podemos realizar actos divulgativos como este.
Agradeceriamos a súa asistencia a este acto, así como a divulgación deste comunicado.
O presidente.
Francisco X. López (de Limiar)
Mais información en:
http://limiargalego.blogspot.com/
Apoio económico, participación e afiliación en:
http://limiargalego.blogspot.com/p/afiliacion-cgg.html
Contactos: comisiongalizacogalego@gmail.com Telf: 629891145
Situación do lugar do acto: Casa Galega da Cultura
Enderezo: Praza da Princesa, 2, 36202 Vigo
Coordenadas de localización conforme Google Earth:
42º 14' 18.68” N / 8º 43' 32.21” O
*VIGO:
Vigo - está situado em um paraíso natural. Localizado na foz do rio que dá o seu nome e está rodeado por belíssimas praias. É a maior cidade da Galiza, com uma população de aproximadamente 300.000. A oferta da cidade é muito ampla: desportos aquáticos, shows de rock, o mercado de Peter, as Ilhas Ciés ... Em geral, devido à sua localização e tamanho, Vigo é uma cidade muito atraente como destino turístico.
Tem uma longa história. Desde as suas origens celtas e assentamento romano até ao objecto militar para os gostos de Francis Drake, Napoleão e impérios como o turco.
Hoje é uma cidade próspera, fortemente industrial, com actividades tão importantes como a pesca, na zona franca, a indústria automóvel, a pedra e a construção naval.
Como paraíso natural é inevitável visitar as Ilhas Ciés, pertencente ao Parque Nacional das Ilhas Atlânticas, a praia de Samil ou na baía de San Simón. Na cidade pode passear pela cidade velha, visitar o mercado de A Pedra e a Catedral de Santa Maria. O Museu de Arte Contemporânea, Marco, e o Museu do Mar de Galicia. O Monte de O Castro se encontra no centro da cidade e da Porta do Sol, Ponte de Rande, que cruza o rio de um lado para o outro, é um emblema da cidade e oferece uma vista maravilhosa.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
MOMENTO DISCENTE: SONETO - BEATHRIZ TELES DOS SANTOS (BRASIL)
Foto: África
SONETO
BEATHRIZ TELES DOS SANTOS (BRASIL)
Eu estou amando! Uma
mulher perfumada e
amorosa
Ela sabe o caminho certo
Eu estou amando! uma
mulher que toma decisões
certas na vida e ela é sincera
E possui um coração de ouro
Eu estou amando! uma
mulher determinada e
com um sonho
Eu estou amando! uma
mulher linda e cheirosa
Mas ela não sabe se gosta de mim
segunda-feira, 25 de abril de 2011
CONTO: A MULHER QUE DESCOSTUROU O CONGRESSO NACIONAL - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Foto: O Chamado das Musas- óleo/acrílico s/tela, Vanda Lúcia da Costa Salles
A MULHER QUE DESCOSTUROU O CONGRESSO NACIONAL
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
A forma do bordado tecia....
Caminhava ao longo da praia e focava o infinito, na vertical.
A profunda ressaca parecia insurgir-se contra tudo e todos em seu caminho devorador para depois arrebentar-se toda de gosto nas encostas dos enormes paredões, na orla das pedras das tartarugas e transformar-se em branquíssimas espumas que se infiltravam na areia banhando as desovas ou entre as algas dos rochedos impenetráveis.
Ousada, a mulher única, teimava em escrever e ler, ali, destemida no traço.
O caxarelo e sua amada cria vinham mansamente aprender com ela a ouvir e ver estrelas aquietadas por entre os corais emocionados.
Os de bicudos chapéus diziam que essa mulher lia para os peixes, porque uma ternura imensa acompanhava-a no dia e na flexibilidade do instante, quando – entre o breve e o infinito -, ela havia devorado o congresso nacional. Descosturando toda a sensatez do politicamente correto.
Primeiro, desfiou a urdidura. Depois, uma por uma, a trama. Destecendo a linha, fio por fio. Remodelou-o. Como boa tecelã, colocou em alto relevo o patrimônio histórico ambiental e enfatizou a cultura. Do folclórico, um brilho a mais. A língua brilhante em sua forma, e em sua mais variada literatura, infinitamente lusófona.
Redesenhou o conjunto de rios, a magnífica vegetação em todos os seus matizes de verde calculados cuidadosamente, um a um, nas diferentes panelas de seu ateliê.
Bordou no sisal com angico, urucum e o açoita-cavalo, todas as cores necessárias para acentuar os minérios, as montanhas, as praias, os animais existentes e imagináveis. Um boitatá surgiu descomunal, com toda a sua força, paciência e profundidade das fiadas dum azul-escuro, entremeado de roxo e branco zinco. Desse branco, tão neutro, mas desejando harmonia em seu fulgor, entremeou-se um amarelo em todos os seus matizes. Um sol brotou, acima. Dois batuíras, alguns socós, belas piaçocas, vários irerês, surucuás-de-barriga-amarela e uns tantos martim-pescador sob um céu indescritível.
Riscado no vermelho das linhas e dos traçados amarelecidos de um devaneio lilás brotado num cipó-de-ouro, em maracujás-da-praia, uma família de tiziu estabelecia em uníssono o canto geral. Um João-de-barro a porta da casa descobria da argila seca. Bicando em revoadas o barro. Liberto de seus medos trabalhava
firme e feliz.
A vitória-régia estampava-se imperiosa. No fundo das águas profundas, um jovem pescador brincava com Kisimbi e seus cântaros, formadores das águas doces das cachoeiras e dos rios, do mundo. Perfumada, a flor de maracujá exalava-se dando nua. O cheiro insurgia-se no ar, os poros da pele latejavam-se em desejos
lasos.
Um pouco mais acima, Agorréia – a serpente sagrada-, com toda a sua divina graça e seu colorido real, seduzia Angarô, o pai arco-íris. Virado estava em seus
devaneios.
( In. Universo Secreto ( Entre o Abismo e a Montanha), Vanda Lúcia da Costa Salles)
segunda-feira, 18 de abril de 2011
MOMENTO DISCENTE: RONALDO CORREIA DE BRITO- O MEU AUTOR ; THAIANE LIMA BERNARDO (BRASIL)
Foto: Ronaldo Correia de Brito (Brasil)
O MEU AUTOR EM PESQUISA
O meu livro lido chama-se O BAILE DO MENINO DE DEUS, foi publicado em 2003 e o assunto tratado é um ensinamento de como produzir uma peça de teatro com cenário e personagens. Os meus autores se conheceram no colégio e a amizade deles é de muito anos. O nome dos meus autores é: Ronaldo Correia de Brito e Francisco Assis Lima.
O Baile do Menino Deus conta a trajetória do personagem Mateus na busca da casa onde nascerá um Menino. Acompanhado de crianças, ele pretende celebrar uma festa em louvor a este nascimento. No entanto, após achar a casa, o grupo nota que a mesma está fechada. Uma série de brincadeiras se sucede, até que as portam se abrem e a festa pode finalmente começar.
O espetáculo é inspirado em manifestações da cultura popular do Nordeste, tais como o Auto de Reisado, Lapinha, Bumba-Meu-Boi, Guerreiro e Cavalo Marinho, e a trilha sonora é formada por música de concerto, coro adulto e infantil, além de solistas. O baile remete ao rico imaginário brasileiro, constituindo-se como um representativo exemplo de força da dramaturgia nacional.
*RONALDO CORREIA DE BRITO :(Saboeiro ,CE 1951). Dramaturgo, contista, documentarista, médico e psicanalista. Aos seis anos, muda-se com a família para Crato, Ceará. Aprendendo a ler através da Bíblia, com seu pai, passa a se interessar não só pela literatura como também pelas narrativas orais de sua região. Em 1969, muda-se para o Recife com o objetivo de preparar-se para o vestibular, ingressando na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, no ano seguinte. Nesse período, freqüenta o Departamento de Extensão Cultural - DEC da UFPE, dirigido pelo escritor Ariano Suassuna (1927), através do qual entra em contato com o Movimento Armorial. Mais tarde, se especializa em clínica médica e psicanálise, ofícios em que divide paralelamente às atividades artísticas. Em 1973, realiza o documentário para cinema, Cavaleiro Reisado, o primeiro de um longo trabalho dedicado ao resgate e ao estudo da cultura popular nordestina. Já em 1975, dirige o longa-metragem produzido para TV Cultura, Lua Cambará, com Assis Lima, Horácio Carelli e o músico Antônio José Madureira. Com os mesmos desenvolve o projeto teatral Trilogia das Festas Brasileiras - O Baile do Menino Deus (1987), Bandeira de São João (1989) e Arlequim (1990) -, que envolve a produção de espetáculos, discos e livros. Em 1983, dirige a peça de sua autoria Maracatus Misteriosos. Depois do lançamento do volume de contos Faca, 2003, é convidado para o cargo de escritor-residente da Universidade de Berkeley, California - EUA. Atua também na área educacional e de curadoria, além de colaborar com vários periódicos, como Terra Magazine, Bravo! e Continente Multicultural.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
MOMENTO DISCENTE: VIVA O BOI-BUMBÁ : LIVRO E MEU AUTOR PESQUISADO - YGOR NOGUEIRA (BRASIL)*
Foto: Rogério Andrade Barbosa (Brasil)
O LIVRO E MEU AUTOR PESQUISADO
O nome do livro que eu li é VIVA O BOI-BUMBÁ, de Rogério Andrade Barbosa, um talentoso escritor contemporâneo de literatura infanto-juvenil A ilustradora é a Graça Lima, que também é muito talentosa.
Eu gostei muito de participar dessa roda de leitura, porque aprendi inúmeras outras coisas sobre leitura e escrita ,mas também sobre escritores do nosso país.
*ROGÉRIO ANDRADE BARBOSA,Professor, ex-voluntário das Nações Unidas na Guiné-Bissau, África, graduou-se em Letras pela UFF e fez pós-graduação em Literatura Infantil Brasileira na UFRJ.
Trabalha na área de Literatura Afro-Brasileira e em programas de incentivo à leitura, proferindo palestras e ministrando cursos - além de viajar pelo Brasil afora nas asas do projeto Proler, da Fundação Biblioteca Nacional.
Em 1994, participou como autor convidado e contador de histórias das feiras do livro de Frankfurt (Alemanha) e de Guadalajara (México). Em 1995, do II Encontro Iberoamericano de Literatura para crianças e jovens, em Havana (Cuba). Em 2000, do 27º Congresso do IBBY, em Cartagena (Colômbia). Em 2001, da feira de livros de Bolonha (Itália) e de Guadalajara (México). Em 2002, do 28º Congresso do IBBY, em Basel (Suíça). Autor indicado para a lista de honra do IBBY de 2002.
Atualmente, é membro do conselho consultivo da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) e presidente da AEI-LIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil).
É autor de mais de trinta livros, publicados no Brasil e no exterior, entre eles: A vingança do falcão, Rômulo e Júlia: os caras-pintadas, Os segredos da múmia do gelo, A maldição das inscrições na Pedra da Gávea, O perigo mora nas ruas, Mapinguari: o devorador de cabeças.
**GRAÇA LIMA: É carioca, formada em Comunicação Visual pela Escola de Belas Artes da UFRJ, fez o Mestrado na PUC-RJ. Ganhou vários prêmios com seu trabalho, entre eles os da FNLIJ Prêmio Luis Jardim, Prêmio Malba Tahan, Prêmio O Melhor para o Jovem e muitos Altamente Recomendável. Foi indicada entre as finalistas para o prêmio Jabuti muitas vezes e recebeu em 82, 84 e 2003 este prêmio na categoria de ilustração. Fora do Brasil recebeu 4 vezes a Menção White Ravens da Biblioteca de Munique na Alemanha. Alguns de seus trabalhos já viajaram por outros países e foram publicados em catálogos Internacionais como o Catálogo de Ilustradores da Feira de Barcelona, na Espanha; o da Feira de Frankfurt na Alemanha, o Catálogo da Feira da Brastslávia e o Catálogo Brazil a Bright Blend of Colours feito pela FNLIJ para divulgar o trabalho dos ilustradores brasileiros. Atualmente é professora de Metedologia Visual na Escola de Belas Artes da UFRJ.
(Trabalho desenvolvido em Leitura e Escrita e Jogos de Linguagem, nas aulas de Português, da Professora Vanda Lúcia da Costa Salles )
terça-feira, 12 de abril de 2011
MOMENTO DISCENTE: MEU AUTOR E LIVRO EM PESQUISA - VANESSA RIBEIRO FONTES (BRASIL)*
Foto: Arthur Azevedo (Brasil)
O MEU AUTOR E LIVRO EM PESQUISA
VANESSA RIBEIRO FONTES (BRASIL)
O meu autor pesquisado é Arthur Azevedo e o livro lido e apresentado na roda de leitura é Em Família- Plebicito. Reeditado no Rio de Janeiro, pela Nova Fronteira, em 2002.
Arthur Zevedo nasceu em 1855, em São Luis, no Maranhão. Musou-se para o Rio de Janeiro, dirigiu jornais e revistas, teatros. Escreveu poemas e peças teatrais. Lutou pela Abolição dos Escravos.
Eu gostei desse livro porque, além de me passar uma informação sobre o que é plebicito, eu conheci um grande autor brasileiro que dignificou a Língua Portuguesa.
Este livro fala sobre uma família com três filhos e um deles pergunta ao pai o que é plebicito, só que o pai não sabia,mas não queria dizer que não tinha esse conhecimento. Daí ele se trancou no quarto onde tinha um dicionário, depois de muito tempo e lê-lo, saiu e disse que plebicito é uma lei romana que leva o problema ao povo para que ele dê a solução.
* Em aula de Leitura e Escrita; Jogos de Linguagem
* * Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo nasceu em 7 de julho de 1855, em São Luís - MA e faleceu em 22 de outubro de 1908, na cidade do Rio de Janeiro. Filho de David Gonçalves de Azevedo, vice-cônsul de Portugal em São Luís, e Emília Amália Pinto de Magalhães.Era irmão mais velho do escritor Aluísio Azevedo, autor de "O Cortiço" e "O Mulato". Artur de Azevedo, prosseguindo a obra de Martins Pena, consolidou a comédia de costumes brasileira, sendo no país o principal autor do Teatro de revista, em sua primeira fase. Sua atividade jornalística foi intensa, devendo-se a ele a publicação de uma série de revistas, especializadas, além da fundação de alguns jornais cariocas.
( In: Wikpedia)
domingo, 10 de abril de 2011
MOMENTO DISCENTE: PAI NO TRABALHO - THAINÁ LUCAS NOGUEIRA (BRASIL)*
Foto: Crow
PAI NO TRABALHO
THAINÁ LUCAS NOGUEIRA (BRASIL)
Pai acorda,
pai escova os dentes,
toma café e vai pro trabalho
Pai chega no trabalho
e começa a trabalhar, depois
chega em casa janta
toma banho e vai dormir
Mas sempre tem tempo
pra mim, pai é
E no dia seguinte a mesma coisa.
Que coisa linda!
* Em aula de Produção Textual e Jogos de Linguagem
sexta-feira, 8 de abril de 2011
POESIA: O PORQUÊ - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)*
Foto: Pintura- trabalho coletivo de alunos do fundamental, em técnica arteterapêutica, com a professora Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)
O PORQUÊ
Aos adeptos da utopia...
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Estamos em luto. Pesado luto.
As palavras escorregam para depois emudecerem
como quiabo tropeçando em sua baba
que nunca agrada a ninguém
A imaginação fértil não se explica
Não se explica também o entrave emocional
e nem essa tragédia
na escola pública brasileira
que já era em si
anunciada,
mas ninguém queria enxergar
Dentro da sala de aula, nas mãos trago
sonhos inacabados,
três pilot regarregáveis descarregados
(sou da língua portuguesa- não sei se isso explica)
nas cores azul vermelho e preto
E vivo esperando o final do mês para que
alguém possa,
com educação na Educação,
recarregá-los,
porque o meu salário no final do mês,
não comporta mais pagá-los.
Vivo cansada do politicamente correto
e desconfio
das malversações das verbas públicas
(principalmente, na Saúde e na Educação),
por isso tenho medo,
enlouquecido medo,
de que já não consiga mais ler
porque
tentei, tento e não consigo
nem registrar direito no INPI,
àquilo que é de meu direito.
Em meu país,
às vezes sinto,
que o cidadão e a criatividade
estão sendo varridos para debaixo do tapete.
Nesse momento,
não consigo conter as lágrimas
e nem quero contê-las.
Sei que sou somente mais uma professora enlouquecida na impotência
que se refugia
no espaço aberto,
da linguagem.
domingo, 3 de abril de 2011
POESIA: AUTORRETRATO - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)*
Foto: Magritte - Ovo
AUTORRETRATO
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
a mão escorrega-se em lentas pinceladas, o ovo
não diz
às claras
o que bastasse elucidar,
caso a neve caisse agora e você alertasse
sobre a perspectiva de se olhar
sem espelhar-se no outro, todavia
o plumo
na mão do pedreiro faz
o muro
não ser o que separaria o caos
e eu nem saberia
que a moça da janela era
a mesma
que na contradança se enlaçou ao cais
pensando ser capaz
de desbotar o autorretrato,
somente porque
ave rara era.
*VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES: nasceu em Italva, interior do Rio de Janeiro, Brasil, em 25 de abril de 1956. É escritora, poeta, ensaísta, artista plástica, tradutora e conferencista.Graduada em Letras/Português-literaturas, pela UERJ/FFP;Pós-Graduada em Literatura Infanto-Juvenil pela UFF;e em Arteterapia na Saúde e na Educação pela pela UCAM.Catedrática de Literatura do Museu Belgrano(Argentina), ortogada pelo Fundador e Diretor Dr. Ricardo Vitiritti; Diretora Internacional do Taller Artístico Alas Rotas-Alitas de América, nomeada pela Fundadora e Diretora Geral do T.A.A.R., em Argentina Srª Silvia Aida Catalán; Fundadora e Diretora do ENLACE MPME MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO.
Publicou: No tempo distraído (narrativas, Ágora da Ilha,2001),Diversidades e Loucuras em Obras de Arte- um estudo em Arteterapia (ensaio, Ágora da Ilha, 2001),A palavra do menino e as abobrinhas ( infanto-juvenil), HP.Editora,2005), O chamado das musas.Pô-Ética Humana: o enigma do recheio- a arteterapia ao sabor da educação brasileira(pesquisa poética em arte e educação, Creadores Argentinos, 2008; Núncia Poética (poesias, Cbje,2010). Participa também das seguintes antologias: Os melhores poetas brasileiros Hoje/1985(Shogum Editora, 1985), III Encuentro Nacional de Narradores y Poetas - Unidos por las Letras!-2009-Bialet Massé (Córdoba, Argentina,2009), Poesia em Trânsito-Brasil/Argentina (La Luna Que, Buenos Aires, 2009, e 1º Antología Literaria Nacional e Internacional 2010 " Ser Voz en el Silencio, S.A.L.A.C. va.Carlos Paz, Córdoba-Argentina (Galia's, Editora Independiente,2010.
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