ALGO DENTRO DE MIM
Por: Vanda Lúcia da Costa Salles
I
Disseste:
o que não se dá, se perde
E voaste como a primavera no cio, à espreita
II
que do sonho, o vale
sem sombra de dúvidas ou hastes nebulosas
experimentasse o silêncio
III
e que do ouvido não calasse o gorjeio
desse algo dentro de mim que é nós
ave plena
IV
livro solto em mãos calejadas de leituras
flor aberta, instigando o prazer
do voo
V
Digo a ti:
a alegria de estar é a excelência da vida
assim o levo na palma de minha mão
VI
e para compartilhar essa luz, suave toque
que enebria e perfuma
a quem acaricia
VII
porque algo dentro de mim sabe, e se dá
na escritura do dia, no signo das pedras
e na fluidez desse orvalho
VIII
que cai, agora, na maciez do instante
em que voas, ó alma minha, a beijar-me escandalosamente:
a insensatez e o canto
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